O último domingo foi Dia Nacional de Doação de Órgãos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o primeiro semestre de 2015 bateu recorde no número de doadores efetivos de órgãos no Brasil (veja mais abaixo). No Coração do Rio Grande, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) é a única instituição que realiza transplantes. De 2008 a agosto de 2015, ocorreram 120 doações de medula óssea e 117 transplantes renais no Husm.
O Hospital de Caridade não realiza transplantes, mas atua na captação de órgãos, mantendo uma equipe específica para a remoção e encaminhamento dos órgãos à central de transplantes, responsável por determinar para quem o material será destinado.
Em Santa Maria vive o transplantado mais antigo do sul do país. João Carlos Cechella, 62 anos, recebeu um coração no dia 16 de maio de 1989, no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. Com 35 anos na época, Cechella sofria de miocardiopatia congênita dilatada e, depois da terceira parada cardíaca, em 1º de maio de 1989, precisou ser internado. O transplante representava a única alternativa para o professor de Educação Física continuar vivendo. Passados 15 dias, ele recebeu o coração, doado por uma vítima de acidente de trânsito de São Leopoldo.
Uma celebração à vida de Cechella
Cechella foi o 10º transplantado no Estado. Na época da doação, os médicos deram cinco anos de sobrevida ao paciente. Mas ele se tornou um exemplo de transplante bem-sucedido. Passados 26 anos, o aposentado tem uma rotina normal e segue em acompanhamento médico. Hoje, ele dá palestras e organiza campanhas de incentivo à doação de órgãos.
_ Uso minha história para conscientizar as pessoas da importância de ser um doador. Serve como parâmetro para mostrar que é possível uma boa qualidade de vida pós-transplante. A doação daquele homem foi a minha salvação, me possibilita comemorar minha vida duas vezes ao ano _ argumenta Cechella.
Coração e família novos
Além do novo coração e de uma segunda data de aniversário, Cechella ganhou também uma segunda família. Hoje, o aposentado mantem contato com a filha do doador, que mora em São Leopoldo. Lilian Beatriz Rodrigues da Fontoura, 27 anos, conversou por telefone com o "Diário" na tarde desta segunda-feira. Ela tinha apenas um ano quando a doação aconteceu.
Depois de crescida, teve interesse em conhecer Cechella, e o encontro fez com que uma amizade nascesse com o tempo. Ela afirma que, hoje, quando conversa com as pessoas, incentiva a doação.
_ Quando não conhecemos, temos receio, não sabemos como vai ser. Depois que eu o conheci, vi o tempo que os médicos deram para ele e como está hoje, tenho certeza que doar órgãos pode salvar uma vida. Às vezes, não ajudamos em vida, mas podemos fazer isso depois. Foi um exemplo do meu pai na época, e hoje tenho Cechella com meu pai do coração _ destaca Lilian.
Brasil tem maior taxa de aceitação entre países latino-americanos
Qualquer pessoa pode doar órgãos, desde que seja saudável e que o ato não prejudique a sua saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, medula óssea e partes do fígado e do pulmão.
Neste ano, o Ministério da Saúde lançou a campanha "Viver é uma grade conquista. Ajude mais pessoas a serem vencedoras". O objetivo é conscientizar as famílias sobre a importância dos transplantes, já que, no Brasil, a legislação determina que um familiar autorize, por escrito, a retirada dos órgãos do parente falecido para doação.
Portanto, é necessário o conhecimento da família sobre a vontade do paciente em ser doador, não sendo necessário nenhum registro em documentos.
Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, o Brasil é hoje o país com a maior taxa de aceitação f"